A chegada da pandemia provocou uma redução muito grande dos níveis de atividade física da população em geral. Em virtude dos protocolos sanitários e medidas de restrição da circulação social, foi preciso aprender novas formas de trabalho, de consumo e de socialização. E, para muita gente, isso também incluiu levar para a sala de casa as atividades físicas que antes eram feitas em academias, praças e parques.
Ainda, por conta das restrições e de outras dificuldades vivenciadas no período de pandemia, muita gente deixou de ser fisicamente ativa , mesmo existindo algumas possibilidades de adaptação das atividades. Algumas pessoas passaram a não cumprir nem mesmo a quantidade mínima de atividade física recomendada pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Também houve aumento do comportamento sedentário, que é o tempo despendido nas posições sentadas, reclinadas e deitadas e em frente à televisão, computadores e celulares. Portanto, o desafio agora é reverter esse cenário, principalmente porque, além de benefícios físicos, mentais e sociais, a prática de atividade física auxilia na recuperação de quem teve a doença e na redução de alguns sintomas persistentes da Covid-19 – embora ainda sejam poucas as evidências científicas sobre essa relação
De acordo com o doutor Bruno Gualano, que é pesquisador do Laboratório de Avaliação e Condicionamento em Reumatologia e do Grupo de Pesquisa em Fisiologia Aplicada e Nutrição da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), o primeiro ponto que pode ser destacado é que a inatividade física gera um malefício grave para a saúde de uma forma geral, além de predispor as pessoas a terem doenças crônicas.
Essa inatividade faz com que as pessoas sejam mais expostas a quadros graves de Covid-19, explica Bruno. Mais do que isso, ficar muito tempo parado e se movimentar pouco pode ser um fator de risco também para levar a morte por Covid-9. Sobre isso, vale ressaltar que os pacientes que apresentam versões mais graves da doença geralmente possuem comorbidades, como obesidade, doenças cardiovasculares e diabetes.
A prática de atividade física é fundamental não só para a recuperação do paciente, mas principalmente para a melhora do seu quadro geral de saúde, especialmente quando existem doenças prévias. O especialista orienta que essa prática precisa ser retomada o quanto antes, assim que o paciente for liberado, para que essas condições de saúde sejam também tratadas.
E os benefícios são muitos! Bruno Gualano explica que evidências científicas têm mostrado que a prática de atividade física regular, além de parecer trazer alguma proteção contra casos graves, também potencializa os efeitos da vacinação. Um estudo conduzido por um grupo de pesquisadores do qual Bruno faz parte, realizado com pacientes imunocomprometidos (que possuem o sistema de defesa do corpo fragilizado e normalmente apresentam resposta menor à vacinação) demonstrou que pessoas fisicamente ativas, que cumpriam o mínimo recomendado de 150 minutos de atividade moderada a vigorosa por semana, apresentavam mais anticorpos em resposta à vacinação do que os fisicamente inativos, explica o especialista. Esse estudo também mostrou que quem é fisicamente ativo tem uma resposta vacinal mais duradoura em comparação com quem é fisicamente inativo, aponta Bruno.
A edição de junho de 2020 da Revista Educação Física, do Conselho Federal de Educação Física (Confef) aponta também outros benefícios para quem está em recuperação: a melhora da independência, resistência cardiorrespiratória, força muscular, equilíbrio, coordenação motora, manutenção do peso ideal, entre outros. Sem falar nos aspectos mental e social, principalmente porque quando uma pessoa é acometida por alguma doença que a debilita acaba gerando um déficit de atenção, baixa produtividade, além de dificuldades na realização de atividades do dia a dia. A atividade física surge como uma estratégia para melhorar a parte motora, mas também promover bem-estar.
Saúde Brasil
Ministério da Saúde
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