Ginastas alemãs usaram traje longo nos Jogos Olímpicos de Tóquio
Com gesto inédito, atletas alemãs se posicionam contra sexualização das mulheres no esporte e promovem a liberdade de escolha. Até então, vestimentas longas eram usadas nos Jogos somente por motivos religiosos.
A equipe alemã de ginástica feminina optou neste domingo (25/07) por usar trajes de corpo inteiro nas sessões classificatórias dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Com o gesto, as ginastas se posicionam contra a sexualização das mulheres no esporte, promovem a liberdade de escolha e encorajam as mulheres a usar roupas que as deixem confortáveis.
A equipe, formada por Sarah Voss, Pauline Schaefer-Betz, Elisabeth Seitz e Kim Bui, competiu usando macacões vermelhos e brancos que combinam collant e leggings que se estendem até os tornozelos.
Elas haviam usado roupas semelhantes durante o treino da última quinta-feira e afirmaram que poderiam usar novamente o traje no evento esportivo. A ginasta Sarah Voss afirmou que a equipe discutiu a escolha da vestimenta antes de competir no domingo e decidiu pelo macacão.
“Nós nos reunimos hoje [domingo] e dissemos: ok, queremos fazer uma grande competição. É muito difícil se acostumar com o nosso novo corpo quando estamos crescendo como mulheres”, afirmou a jovem de 21 anos.
“Queremos ter a certeza de que todas se sintam confortáveis e mostramos a todas que elas podem usar o que quiserem e ter uma aparência incrível, uma sensação incrível, seja com um traje longo ou curto”, acrescentou.
Voss afirmou que a equipe alemã – que usou macacões de corpo inteiro no campeonato europeu, em abril, em um gesto que visa conter a sexualização do esporte – está ansiosa para que a tendência emplaque no futuro.
“Queremos ser um exemplo para que todos tenham a coragem de nos seguir”, disse Voss.
A decisão das alemãs de usar macacões lhes rendeu elogios de outros competidores em Tóquio.
“Acho muito legal que elas tenham a coragem de estar numa arena tão grande e mostrar às meninas de todo o mundo que você pode usar o que quiser”, disse a ginasta norueguesa Julie Erichsen. “Eu as aplaudo por isso.”
Nos últimos anos, o esporte tem sido abalado por casos generalizados de abuso sexual e físico, o que levou à introdução de novos protocolos de segurança destinados a proteger os atletas.
Para as mulheres, o traje de competição padrão é um collant, sendo que ele pode ser de mangas compridas ou sem mangas. Os trajes que cobrem as pernas são autorizados em competições internacionais, mas até o momento têm sido usados quase exclusivamente por motivos religiosos.
FONTE DW.COM
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