terça-feira, 27 de abril de 2021

Pirá, espécie nativa em extinção e encontrada apenas no rio Paracatu, está sendo exportada para outras regiões do país

 

Alguns exemplares adultos do pirá, o peixe-símbolo do "Velho Chico", foram encontrados na região do rio Paracatu e no médio São Francisco recentemente, o que pode ser considerado um sinal claro de que, apesar de tudo, o tradicional peixe continua se reproduzindo, mesmo com a pesca predatória e a poluição das águas. Campanha encabeçada pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) para salvamento da espécie, considerada em extinção, teve início em dezembro de 2015, com a captura de reprodutores e matrizes no Paracatu, a única região da bacia hidrográfica onde a espécie ainda é encontrada. Após a construção de grandes barragens no leito do São Francisco, como a de Sobradinho, o pirá havia desaparecido das regiões do Médio e Baixo São Francisco.
O passo seguinte consistiu na adaptação e quarentena dos exemplares no Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Três Marias, em Minas Gerais, e depois, no transporte de 20 pirás para o Centro Integrado de Itiúba, em Alagoas. Nessa unidade, passaram por processo de adaptação e desenvolvimento, indução artificial de reprodução e produção de alevinos, culminando na soltura de peixes juvenis no rio.

Expertise

Com base no sucesso obtido na primeira fase da campanha do pirá, a Codevasf está programando a captura no ambiente natural do Alto São Francisco de novos exemplares da espécie para sua distribuição a outros quatro Centros Integrados de Recursos Pesqueiros e Aquicultura da Companhia, para intensificação das ações de salvamento dessa espécie da extinção.
Para realizar atividades com finalidade científica, tais como captura, reprodução, larvicultura, alevinagem, peixamento e monitoramento ictiológico de espécies de peixes nativas ameaçadas de extinção, é necessária autorização do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
No mais, todo o manejo e infraestrutura utilizados para captura no ambiente natural, transporte, adaptação dos reprodutores e matrizes, reprodução e soltura dos juvenis (peixamentos) são realizados exclusivamente pela Codevasf.
Nos Centros Integrados de Recursos Pesqueiros e Aquicultura da Companhia, já foram desenvolvidas tecnologias de reprodução artificial de cerca de 40 espécies de peixes nativas do rio São Francisco. Além do aumento expressivo na produção de alevinos com o uso dessas tecnologias, o que tornou a Codevasf referência nacional na área de aquicultura, conseguiu-se reproduzir, de forma inédita, espécies de grande valor comercial, a exemplo do surubim, e espécies ameaçadas de extinção – além do pirá, também a matrinxã e o dourado.

Sobre o Pirá

O pirá também é conhecido como pirá-tamanduá, por possuir um focinho que lembra o do tamanduá e que lhe permite capturar com eficiência invertebrados – principalmente moluscos – que vivem no substrato do leito do rio São Francisco, seus afluentes e lagoas marginais. É um peixe de couro, de cor branca-azulada, que, por sua beleza, apresenta grande procura pela aquariofilia (prática de criar peixes, plantas e outros organismos aquáticos em aquários). Pode atingir 13kg de peso e 1m de comprimento, sem espinhas na carne e com bom valor de mercado.
O pirá passou a ser considerado peixe-símbolo do São Francisco em 1997, em Penedo (AL), por ocasião do lançamento do Projeto Peixe Vivo, quando os Correios colocaram em circulação um carimbo comemorativo da espécie nativa do rio. Esse projeto, coordenado pela Codevasf, envolveu estudantes e pescadores artesanais da região da Área de Proteção Ambiental (APA) da Marituba e recebeu prêmio nacional como grande iniciativa de recuperação da biodiversidade da ictiofauna do "Velho Chico".
Foi também naquele ano que o biólogo Yoshimi Sato, do Centro Integrado de Recursos Pesqueiros em Aquicultura de Três Marias, conseguiu a primeira desova do pirá em laboratório.

Fonte: CORREIO DA CIDADE

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