terça-feira, 22 de setembro de 2020

Torcedores se unem para ajudar ambulantes que trabalham em estádios

 Fãs de futebol estão acostumados a esperar o espetáculo dos jogadores em campo. Mas, durante a pandemia, o show aconteceu do lado de fora dos gramados. Torcedores de clubes do Rio se mobilizaram para arrecadar doações para vendedores ambulantes de estádios, trabalhadores que ficaram sem trabalho com a pandemia.


Iniciativas que envolveram torcedores de Vasco, Flamengo e Botafogo forneceram cerca de 300 cestas para doação a famílias de vendedores ambulantes que trabalham nos estádios. Para facilitar a distribuição, a Associação dos Ambulantes, Caixas e Atendentes do Rio de Janeiro, que foi criada após a pandemia, mapeou as famílias que receberiam o benefício.

Membro da Associação, Milena Câmara, que trabalha como ambulante no Maracanã há quatro anos, relata que muitos vendedores não conseguiram receber o benefício emergencial do governo. Esses profissionais também ficaram sem qualquer auxílio por parte das empresas cujos produtos vendem, ficando à míngua durante a paralisação causada pela pandemia.

— A gente está esquecido pelos clubes e pelas empresas que acabamos representando dentro dos estádios. Estamos vivendo da ajuda das torcidas. Estamos esquecidos pela prefeitura, pelo governo, não há empatia com a gente — lamenta Milena.

Torcedores cidadãos

A associação estima que mais de mil famílias vivam da renda proporcionada pelo trabalho nos três estádios do Rio: Maracanã, Engenhão e São Januário. As discussões entre prefeitura e Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) indicam que os estádios voltarão a receber público a partir de outubro, mas com limitação de público. Enquanto isso, de acordo com Milena, os ambulantes vivem de bicos e da ajuda de torcedores.

— Temos ambulantes trabalhando no sinal vendendo água, indo para o trem, fazendo faxina — conta.

A maior parte das doações, 225 cestas, veio do grupo de torcedores do coletivo Esquerda Vascaína, que mobilizou as redes durante um mês e arrecadou R$ 15.102,13, que foram utilizados para a compra dos alimentos.

Por meio de movimentações pelas redes sociais, o grupo conseguiu a adesão de artistas, como a sambista e vascaína Teresa Cristina, e de personalidades como o ex-presidente Lula.

— Vejo o movimento não só dentro da arquibancada como extrapolando e mostrando o outro lado do torcedor, afinal somos cidadãos também. Os torcedores estão suprindo esse vácuo que se formou. Como torcedores, sentimos falta do estádio e vemos o quanto os trabalhadores sentem mais ainda. Os torcedores estão fazendo um papel muito bonito, entendendo a dificuldade do outro. O futebol não é simplesmente estar asssitindo a um time jogar — afirma Priscila Barini, membro do coletivo Esquerda Vascaína.

Segundo ela, as torcidas têm deixado de lado suas diferenças por conta de paixões clubísticas para se unir em movimentos de solidariedade e união por causas sociais, a exemplo dos protestos em favor da democracia, entre outros atos.

Iniciativas individuais também têm se somado ao esforço das torcidas. O jornalista Sergio Santos criou uma vaquinha virtual para arrecadar fundos para os ambulantes e conseguiu juntar cerca de R$ 3 mil para compra de itens para cesta básica.

— Tudo o que foi arrecadado foi investido em comida e materiais de higiene e sou testemunha da seriedade dos ambulantes e das torcidas que ajudaram na arrecadação e na distribuição. Renova a minha fé na humanidade a partir do que vivi com essas pessoas. São pessoas simples e sabem dividir o pouco que têm. São muito solidários uns com os outros — elogia Santos.



Fonte: O Globo Online

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