terça-feira, 25 de setembro de 2018

Deixar de ser moleque e virar homem. A cobrança a Neymar

Daniel Alves, grande amigo, falou como um irmão mais velho. Acredita que as críticas e o fracasso de Neymar na Copa o farão amadurecer.



Daniel Alves e o Brasil querem a mesma coisa. A maturidade de Neymar

Daniel Alves e o Brasil querem a mesma coisa. A maturidade de Neymar

Reprodução/Instagram
São Paulo, Brasil
Durante a Copa do Mundo da Rússia, os jantares com jornalistas de vários veículos e países eram inevitáveis. Participei de vários e, inevitavelmente, o principal assunto foi Neymar.
Por um motivo muito simples.
Ele é o principal jogador brasileiro há pelo menos duas Copas e duas Olimpíadas. No Mundial do Brasil e no deste ano, ele polarizou corações e mentes.
Da população mais acostumada com conquistas no planeta. São seis anos esperando suas façanhas.
Mano Menezes, Dunga, Felipão e Tite estão longe de ser ingênuos.
E se suportaram todo tipo de privilégio e desejos do mimado jogador é porque tinham interesse. Sabiam que ele é disparado o melhor em uma geração que está longe de ser das melhores na história deste país.
Além de um limite técnico evidente, há a personalidade. 
Atletas de elite brasileiros com 30 anos para baixo são completamente diferente de gerações anteriores. Possuem assessores de imprensa, agentes, especialistas em marketing e, veneno maior, nas redes sociais. Se comportam com celebridades. Evitam, a qualquer custo se posicionar de verdade em assuntos importante, fundamentais.
Ninguém quer falar da crise financeira, moral, da violência desenfreada no Brasil. Muitos até compreendem, sabem o que acontece. Mas recebem lavagem cerebral para não se posicionarem. 
E optam pelo caminho mais fácil da alienação.
Quando não são, fingem ser.
Por isso as coletivas são tão superficiais. As respostas vazias são treinadas por horas por bem remunerados staffs. Especialistas em comunicação com talento para 'evitar problemas' aos seus patrões de chuteiras.
Exclusivas são raríssimas. E na esmagadora maioria delas, repórteres têm de vender a alma. São proibidos de tocar em determinados temas. Ou se posicionam como garotos propagandas, falando várias vezes sobre a marca que patrocina o jogador e proporcionou a 'entrevista'.
A amizade e a confiança entre Neymar e Daniel Alves é enorme. São grandes parceiros

A amizade e a confiança entre Neymar e Daniel Alves é enorme. São grandes parceiros

Instagram/Daniel Alves
Entre todos eles, Neymar é o mais talentoso, disparado, com a bola nos pés. E um dos atletas mais ricos de todos os tempos. Foi o mais caro da história, na transação que o PSG pagou R$ 822 milhões.
Ele é mimado desde os 12 anos. No Santos já era tratado com um ser que desceu dos céus para a Vila Belmiro.
Tanta adoração porque já se sabia que o clube do Litoral paulista, que não tem os ricos patrocinadores de Palmeiras, Corinthians e São Paulo, faria dinheiro com mais esse garoto. Como foi com Robinho, Gabigol, Ganso, Diego.
Desde que nasceu, Neymar conta com a superproteção de seu pai, jogador que teve uma carreira fraca, como tantos milhares de outros atletas. Seu filho teve o dom e ele fez com que se tornasse o atleta que é hoje. Para o bem e para o mal. 
Aos 26 anos, com jato particular, iate, mansões. Milhões de reais vindos do salário e de patrocinadores a cada 30 dias. Solteiro, mas pai de um menino de seis anos. Namoro com atriz global, repartido com centenas de milhões de seguidores. 
Mas que deixa qualquer decisão séria financeira para o seu pai. E se contenta apenas com pegar dinheiro quando tem algum desejo. Quase uma mesada como um menino, mas tendo 26 anos.
Neymar tem como característica não perdoar. Se magoar com quem, na sua visão, virou as costas para ele. Como o Real Madrid, onde treinou quando tinha 13 anos, mas não conseguiu cativar o clube mais vencedor do planeta. Não a ponto de contratá-lo de imediato. Oferecer um 'emprego' ao pai, com direito à casa e alto salário para manter o filho treinado em Madrid. Não, Neymar foi apenas mais uma jovem promessa que teve acesso ao clube. 
Por isso, quando houve o duelo entre Barcelona e Real Madrid para tirá-lo do Santos, Neymar não pensou duas vezes. Foi para a Catalunha por Messi e para dar o troco em quem ousou não enxergar todo seu talento quando tinha 13 anos. Esse episódio é muito pouco falado pelo atacante.
Companheiros até nas bizarras festas à fantasia, que adoram

Companheiros até nas bizarras festas à fantasia, que adoram

Instagram/Daniel Alves
Mas na Catalunha, ele encontrou o seu melhor amigo no futebol. Alguém que o compreendeu perfeitamente. Nove anos mais velho, que adora brincadeiras, moda, redes sociais, festas. Daniel Alves.
Foi o lateral que abriu as portas do Barcelona para Neymar. O entrosou com os donos da fechada do clube catalão: Messi, Iniesta, Piquet. O atacante nunca esqueceu tamanha ajuda.
Os dois foram para todas as farras possíveis juntos. Mas na hora de treinar e jogar, deram a alma pelo Barcelona. Isso porque Daniel Alves tem uma incrível história de vida de superação.
Filho de uma família muito pobre em Juazeiro, na Bahia. Aos 15 anos, sozinho, decidiu apostar a felicidade sua e de seus parentes jogando futebol.
Aprendeu a não ter ninguém a quem recorrer. Assumiu estar só no mundo. E tratou de enfrentar os obstáculos com a sua consciência e absorvendo, aprendendo tudo o que pudesse. Viver sozinho em uma concentração, longe dos pais não é fácil. Mas encarava com a chance de sobrevivência.
Não é à toa que a maturidade chegou de forma intensa. E cedo. Com seu gênio brincalhão é muito forte, assim como seu talento como lateral, soube dividir muito bem as coisas. Na hora da farra, farrear como se não houvesse amanhã. Porém sempre preocupado com seu organismo. Porque na hora de trabalhar, aprendeu que a solução estava em ir além do limite. Foi assim que venceu no Bahia, no Sevilla, no Barcelona, na Seleção Brasileira. 
Milionário, solucionou sua vida e da família.
Só que é de uma geração anterior a de Neymar.
Tite lamentou não ter Daniel Alves para controlar Neymar na Rússia

Tite lamentou não ter Daniel Alves para controlar Neymar na Rússia

Mowa Press
Embora tenha o mesmo assessor de imprensa de Felipão, ele não se permite controlar. Sabe que é uma celebridade esportiva, mas não se comporta como uma. Tem personalidade para falar de verdade, algo raro no futebol mundial.
Inteligente, sabe que foi Neymar que o colocou para receber um salário altíssimo no PSG, o tirando precocemente da Juventus. Foi a retribuição pelo que fez no Barcelona. Mas também pelo seu futebol que ainda está em alto nível para um clube.
Daniel Alves é o único jogador que Neymar para ouvir de verdade.
O trata como um irmão mais velho, que não tem. 
A ponto de tatuar seu autógrafo na panturrilha, ao saber que não disputaria o Mundial da Rússia.
Tite lamentou demais a contusão no joelho direito que tirou Daniel Alves da Copa. Ele seria titular absoluto. Um dos capitães. E o encarregado de orientar Neymar.
Quando o atacante estava se perdendo nas simulações, chiliques com os árbitros e palavrões para companheiros, Daniel Alves decidiu. Foi almoçar na concentração brasileira. E conversar com Neymar. Esse encontro foi muito benéfico e quase fundamental para a Seleção ter outro destino na Copa.
Neymar melhorou, atuou de maneira mais séria, menos egoísta, como insistiu Daniel Alves. Mas erros de Tite comprometeram o time e veio a eliminação diante da Bélgica. Como principal jogador do Brasil e que mais expectativa gerou, Neymar foi o mais cobrado. E segue sem reagir a contento.
Embora tenha recebido o mimo que faltava.
A faixa de capitão da Seleção.
A mesma que havia recusado depois da Olimpiada de 14.
O jogador segue em um caminho péssimo.
A ponto de simular pênalti contra o pobre time de El Salvador. Segue prendendo bola, egoísta, atrapalhando ataques importantíssimos  da Seleção. Tite o apoia em todas situações para não perder o seu talento. Nada impede que em um arroubo, desista de jogar pelo Brasil.
Daniel Alves acompanha de perto, muito amigo de Neymar, companheiro do PSG. 
Mas perguntado sobre o jogador e parceiro, ele não se conteve.
Revelou o que inúmeras pessoas estão esperando.
Falou hoje no lançamento do novo uniforme do clube francês.
E não se furtou de cobrar Neymar publicamente.
"Algumas coisas acontecem na sua vida para você criar maturidade, essa consciência do que você tem que melhorar como pessoa, como profissional. 
"As porradinhas dadas nele criaram uma maturidade e vai se ver uma mudança de comportamento.
"Tipo assim, você deixa de ser moleque para ser homem."
Vale a pena destacar essas oito palavras. 
"Você deixa de ser moleque para ser homem."
Repetir quantas vezes forem necessárias.
Daniel Alves foi ainda mais fundo.
"Todos nós temos falhas, mas ficar na falha é uma opção,"
Ou seja, nas conversas com Neymar, está mais do que claro que ele sabe muito bem onde está errando. Pela postura firme de quem conhece Daniel Alves sabe que ele já falou várias vezes sobre os erros do atacante para o próprio atacante. E que ele não tem mudado porque não quer.

Instagram/Neymar
A expressão que o lateral usou é forte.
"Deixar de ser moleque para ser homem."
Ele precisou agir assim para sobreviver.
Não tinha pai/empresário o tempo todo. Nem dirigentes e técnicos da base o tratando como gênio. E nem mesmo agora montou um estafe de perto de 30 pessoas para que filtre, pense e até aja por ele.
Os escudos de Neymar o protegem.
Mas o travam, fazem com que siga agindo como um garoto.
Justo agora que o futebol brasileiro precisa tanto de um homem.
"Não é fácil ser Neymar, chega a dar pena. É um menino", resumiu Edu Gaspar, há menos de três meses, quando o Brasil caiu eliminado da Copa do Mundo e o camisa 10 foi criticado.
Neymar não merece pena de ninguém.
Milionário, talentoso.
Fará 27 anos em janeiro.
Pai.
Principal estrela do PSG.
E capitão da única seleção pentacampeã do mundo.
Tem é de ser cobrado para que mude sua postura.
Cresça.
Ser amigo é ter coragem de apontar os erros.
Foi justamente o que Daniel Alvez fez.
E está fazendo há tempos.
Chegou a hora de Daniel Alves falar sério com Neymar

Chegou a hora de Daniel Alves falar sério com Neymar

Instagram/Daniel Alves
Não foi uma pancada.
Mas um abraço acolhedor, inspirador.
Que Neymar tenha maturidade para absorver.
Ele e o Brasil aguardam há duas Copas do Mundo.
Como nas próprias palavras do lateral.
"Deixe de ser moleque para ser homem"...
FONTE: R7

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