Mais uma vez Neymar frustrou brasileiros, diz especialista

Para professor de marketing esportivo, o comercial de Neymar "deu mais munição para os críticos " e ainda fez marca "parecer oportunista"

• COLUNA DO FRAGA

• Caio Sandin, do R7

Neymar durante a Copa do Mundo da Rússia

CBF

O assunto mais falado desta segunda-feira (30) foi, sem sombra de dúvidas, o comercial em que Neymar faz um desabafo pedindo desculpas pela atuação na Copa do Mundo. Os comentários poderiam ser bons, já que o jogador estaria assumindo responsabilidades e se expondo como líder do grupo que foi à Rússia, mas não foi o que ocorreu.

No texto, claramente lido pelo camisa 10 da Seleção, ele "não está propondo uma mudança, não está arrependido de nada e está quase fazendo uma chantagem 'se vocês me ajudarem, eu levanto e a gente ganha'. Ou seja, está colocando nos outros uma responsabilidade que se espera dele como atleta profissional". Quem faz a análise é o professor Doutor de marketing esportivo Anderson Gurgel, da Universidade Mackenzie.

Para ele, "o desgaste desta campanha começa no imaginário do que as pessoas entendem como um pedido de desculpas e o que efetivamente aconteceu. Isso soa muito mal, porque, efetivamente, um pedido de desculpas é uma coisa que não seria feita em um filme publicitário, em que o público identifica que existe uma relação comercial e que aquilo foi fantasiado de um pedido de desculpas, que nem surge, efetivamente, no texto"

Ainda segundo o professor, a ação é parte do que muitas empresas fazem atualmente, tentando relacionar "valores e mensagens que uma marca quer passar a um atleta que as represente" e que, desta forma, "ainda que o resultado da campanha seja numericamente positivo, o desgaste causado pela má aceitação da campanha causado junto aos formadores de opinião e à inteligência coletiva que surge nas redes sociais é muito grande".

Anderson afirma que, do ponto de vista de resultados, a campanha pode gerar efeitos positivos graças à "força midiática e a base de seguidores do Neymar", mas que " um pedido de desculpas que não é pedido de desculpas, e, na verdade é um anúncio, acaba criando um ruído muito grande, que pode ter um impacto negativo na opinião pública. O que poderia ser ruim para o jogador e para a marca".

"Neymar deu mais munição para os críticos e a marca ficou respingada por essas criticas todas, que veem uma postura ruim do camisa 10 e até um oportunismo da marca, que usou um objeto sensível, que é a derrota na copa, para construir um episódio de uma campanha", comenta o especialista em comunicação esportiva.

Sobre uma possível recuperação da imagem do jogador, Gurgel crê ser "mais complicado, já que é mais uma camada de críticas, principalmente por parte de um público que é importante para o grande sonho do jogador, que é um dia ser eleito melhor do mundo. Há um descontentamento com a postura dele".

O professor ainda confirma que "o desafio de fazer uma nova gestão de marca se torna ainda maior. Havia uma fala de que o 'staff' do jogador estava planejando uma correção de rota pós Copa do Mundo, só que a gente vê que, se este foi o primeiro passo desta correção, não é por aí que deve se seguir". E ainda completa "mais do que nunca, isso grita por uma gestão profissional de carreira e uma mudança efetiva de postura do Neymar".

FONTE: R7.COM