terça-feira, 4 de novembro de 2025

Com atrasos salariais, advogada explica possíveis punições ao Avaí/Kindermann



Elenco protesta por melhores condições e revela falhas graves na gestão; advogada alerta para sanções trabalhistas e desportivas


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Foto: Maurício Figueiró


O Avaí/Kindermann enfrenta uma grave crise institucional e trabalhista em sua equipe feminina. As jogadoras denunciaram quatro meses de salários atrasados, além da falta de suporte médico e de condições adequadas de trabalho, e chegaram a cogitar não entrar em campo na final do Campeonato Catarinense Feminino.


Durante a semifinal do estadual, o elenco entrou em campo com uma faixa de protesto pedindo o pagamento dos vencimentos: “Paguem nosso salário”. O gesto ganhou repercussão nacional e escancarou o clima de insatisfação no grupo.


Segundo relatos das atletas, o último pagamento integral havia sido feito em julho, referente ao mês de maio. Desde então, os vencimentos não foram mais depositados. No entanto, entre quinta (23) e sábado (25) de outubro, a Associação Esportiva Kindermann realizou o pagamento de dois salários atrasados, atendendo à condição mínima exigida pelo grupo para disputar a final do estadual.


Mesmo com o repasse parcial, o elenco ainda acumula três meses de salários CLT em aberto, além de duas jogadoras que aguardam cirurgias de ligamento cruzado anterior (LCA) desde abril e agosto, sem previsão de procedimento. Segundo o grupo, a alimentação tem sido escassa e insuficiente para as necessidades de atletas de alto rendimento, e faltam até itens básicos de higiene pessoal.


A advogada Talita Garcez, especialista em Direito Desportivo, explica que os atrasos salariais configuram inadimplência contratual e podem gerar consequências severas.


“O atraso salarial pode ensejar a rescisão indireta do contrato de trabalho, por culpa do clube, implicando na liberação imediata das atletas e na obrigação do pagamento de multas e indenizações às expensas da entidade empregadora” destaca. 


Em resposta, o Avaí Futebol Clube afirmou que a gestão do futebol feminino é de responsabilidade da Associação Esportiva Kindermann (AEK), e que já repassou mais de R$ 1 milhão à entidade, valor superior ao previsto no orçamento. Apesar disso, a AEK não confirmou se houve a quitação de outros débitos, como os cinco meses de salários atrasados da comissão técnica e funcionários, seis meses de fornecedores e sete meses de prestadores de serviço.


“Além das sanções trabalhistas, se a reclamação for levada à CNRD – Câmara Nacional de Resolução de Disputas da CBF – e mesmo após a decisão o clube permanecer inadimplente, poderá sofrer penalidades desportivas, como o transfer ban e até a perda de pontos.”, explica a advogada.


Mesmo sob forte desgaste, o elenco decidiu entrar em campo e conquistou o título catarinense de 2025, encerrando a competição em meio a protestos e incertezas sobre o futuro do projeto.

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