quinta-feira, 12 de junho de 2025

Virgínia na CPI das apostas escancara confusão entre plataformas legais e jogos de azar disfarçados

 FULLTRADER

Debate sobre influência digital reacende alerta: o problema não é o mercado regulamentado, mas os cassinos online com apelo infantil que escapam da fiscalização

A participação de Virgínia Fonseca na CPI das Apostas Esportivas reacendeu um debate que vai muito além do marketing de influenciadores. Amparada por habeas corpus, a empresária e criadora de conteúdo optou por não responder às perguntas dos senadores, o que gerou reações intensas — da perda de mais de 100 mil seguidores em 24 horas ao resgate de memes de personagens fictícias sendo interrogadas em CPIs. 

No centro da discussão, no entanto, está uma questão real: o público tem confundido apostas esportivas regulamentadas com jogos de azar mascarados de entretenimento, como o popular “Jogo do Tigrinho” e outros similares que circulam em aplicativos e redes sociais. Com a entrada em vigor da Lei 14.790/2023, o Brasil passou a contar com um marco regulatório para apostas esportivas e jogos online. A norma exige que todas as empresas operem com autorização da Secretaria de Prêmios e Apostas, cumprindo critérios rigorosos de integridade, combate à lavagem de dinheiro e proteção ao consumidor. 

De acordo com levantamento da Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), o mercado regulado de apostas online deve gerar R$ 20 bilhões em impostos e taxas a partir de 2025 — reforçando o peso econômico do setor e a importância de separar o que é legal do que opera à margem da lei.

O mercado legalizado não é o vilão

Para Ricardo Santos, cientista de dados e fundador da Fulltrader Sports, plataforma especializada em inteligência estatística para o mercado esportivo, o principal problema é a generalização que coloca todas as plataformas no mesmo pacote. “As apostas esportivas legalizadas passaram a operar sob regras claras, com transparência e exigências técnicas rigorosas. O que tem gerado danos à imagem do setor são os cassinos online com estética infantil e mecânicas de recompensa que beiram o vício, muitas vezes promovidos de forma irresponsável”, afirma.

A Fulltrader, que desenvolve softwares de análise estatística para o mercado esportivo, é uma das empresas que atuam exclusivamente dentro do escopo legal — e, segundo Ricardo, também sofre os impactos da desinformação. “A regulação brasileira é nova e precisa de tempo para se consolidar. Mas já é possível ver avanços: os sites autorizados estão sendo monitorados, o sistema de licenças foi estruturado e a transparência está melhorando. O problema está nos aplicativos e plataformas que operam sem controle, usando influenciadores para atingir públicos vulneráveis”, analisa.

Ricardo também defende a criação de um sistema de cadastro e certificação para influenciadores que atuam no segmento. A proposta, segundo ele, ajudaria a diferenciar quem trabalha com plataformas legalizadas e segue critérios de transparência de quem promove jogos ilegais sem qualquer responsabilidade. “É uma maneira de profissionalizar essa comunicação e proteger o público. Quem fala sobre apostas deveria, no mínimo, conhecer as regras do setor e estar vinculado a empresas autorizadas”, sugere.

Responsabilidade digital e foco em educação

A presença de nomes populares como Virgínia, Neymar e outros artistas na publicidade de casas de apostas tem sido explorada politicamente, mas Ricardo defende que o foco precisa ser outro: em vez de transformar o influenciador em réu, é preciso fortalecer a educação digital e a regulação eficaz. 

“A CPI tem um papel importante, mas precisa diferenciar o que é marketing dentro de um mercado legal e o que são práticas abusivas. Existe uma diferença clara entre uma plataforma com licença federal e um joguinho piscando na tela de uma criança sem qualquer controle de idade ou limites de uso”, pontua.

Para ele, a agenda mais urgente está em orientar o consumidor e punir os verdadeiros responsáveis. “As pessoas precisam saber onde estão entrando. E as autoridades devem mirar onde o dano é real: em modelos predatórios, em aplicativos que usam psicologia comportamental para viciar, e em quem lucra com isso sem seguir regra alguma. Não é sobre ser contra apostas. É sobre ser a favor de uma indústria ética, transparente e fiscalizada”, conclui.

*Ricardo Santos é cientista de dados especialista em análise estatística para apostas esportivas em Futebol e fundador da Fulltrader Sports, empresa líder da América Latina em Softwares Saas para Público Final de Trade Esportivo. Também atua como trader em Probabilidades de Futebol há 12 anos.  

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