A vocação esportiva da cidade vem crescendo nos últimos anos
O ano de 2023 foi emblemático para a cidade de Miami, nos Estados Unidos. A chegada do jogador argentino Lionel Messi – ganhador, por sete vezes, da Bola de Ouro e o heroi da Argentina na Copa do Mundo - para fixar residência na região e jogar pelo time do Inter Miami, do ex-jogador inglês David Beckham e que integra a Major League Soccer (MLS), jogou luz a um fato que vem ganhando cada vez mais corpo: Miami está se tornando a capital mundial do esporte.
Essa afirmação também é embasada pela enorme lista de grandes eventos que estão sendo realizados na região e integram a cidade a esse importante circuito esportivo. A começar pelo futebol. A cidade vai sediar a final da Copa América de Futebol neste ano, e será palco de sete jogos da Copa do Mundo em 2026, além das tradicionais partidas da NFL, liga de futebol americano, com o time Miami Dolphins. Soma-se ainda as partidas dos times de basquete da NBA, com o Miami Heat, de hóquei no gelo, com o Florida Panthers, da Major League Baseball, com o Miami Marlins, e uma etapa da NASCAR, que acontece no Homestead Speedway, e do GP de Miami da Fórmula 11 no Hard Rock Stadium.
Para o empresário André Duek, que mora em Miami desde 2012 e já teve uma agência de marketing esportivo no Brasil durante 10 anos, o mundo do esporte descobriu o potencial que a cidade tem a oferecer para esses eventos. “Há diversos fatores que impulsionaram esse crescimento. A começar pela mudança de pessoas com alto poder aquisitivo para a cidade, movimento que teve início na pandemia, o que aumentou os gastos na cidade, além de sua composição demográfica, que aponta seu forte laço com a América Latina. Acredito que é um movimento que vai se fortalecer cada vez mais”, aponta.
Grandes eventos e centros esportivos: dinheiro para Miami
Reinaugurado em 2016, o Hard Rock Stadium ganhou destaque como uma das principais arenas de eventos esportivos e de entretenimento da costa leste americana. Desde então, recebe jogos de futebol americano universitário, futebol tradicional que os gringos chamam de soccer, além de ser a casa do time de futebol americano Miami Dolphins, da NFL. Desde 2019, passou a sediar o Miami Open de Tênis e, a partir de 2022, passou a integrar o circuito da Fórmula 1, após uma tentativa fracassada de incluir a cidade no circuito de Grand Prix em 2015.
A transformação do antigo Sun Life Stadium para o Hard Rock Stadium foi feita pelo milionário Stephen Ross, que, de acordo com dados do mercado, investiu em torno de US$ 150 milhões no complexo esportivo para atrair um dos mais importantes eventos de tênis do mundo – o Miami Open de Tênis - assim como oferecer uma infraestrutura adequada para sediar a corrida da F-1.
Para Duek, a força do gigante ajuda a reforçar a vocação de Miami como um importante centro mundial de entretenimento e esporte. “Hoje, na cidade temos a realização de sete entre os 10 maiores eventos esportivos do mundo. Com isso, Miami hoje está atraindo um maior número de turistas, de patrocinadores e de empresas em busca de networking nesse universo, o que acaba atraindo mais investimentos”. Recentemente, o banco Itaú renovou o patrocínio ao Miami Open de Tênis até 2028, considerado um dos contratos mais longevos feitos pela instituição financeira em eventos esportivos e de entretenimento, além da marca brasileira Oakberry que já’ atua como parceira oficial nos eventos da NFL, Tênis e F1.
O Miami Open de Tenis é considerado um dos eventos mais importantes para o turismo da cidade. Durante duas semanas, Miami tem hotéis e opções de locações por temporada, como o Airbnb, com lotação quase máxima e preços mais altos do que em outras temporadas no qual a vida de turistas é menos aquecida. De acordo com um levantamento feito pelo site Inteligência Financeira, um casal que viaja para a cidade para participar do evento chega a gastar mais de R$14 mil somente com ingressos, hospedagem e passagens.
Outro complexo cujas obras estão em andamento e que promete agitar a meca dos eventos esportivos mundiais será o Miami Freedom Park, projeto do Inter Miami Futebol Clube, time de Beckham. A construção do novo complexo está acelerada, com inauguração prevista para 2025. Contará com 53 hectares e pretende ser um dos maiores parques públicos da cidade, com estádio, campos de futebol comunitários, hotéis, lojas e restaurantes.
De acordo com dados do site do complexo, o empreendimento deverá contribuir com mais de US$40 milhões em impostos anuais para a cidade. No ano passado, o time recebeu um aporte de US$75 milhões da empresa Ares Management, sendo que uma parte desse montante será utilizada para a construção do Miami Freedom Park, que passará a ser a sede do Inter Miami. Além disso, com a chegada de Messi ao time, a expectativa é de que o valor do clube atinja US$1,5 bilhão nos próximos 12 meses.
No universo da NBA, em janeiro deste ano, o técnico Erik Spoelstra, líder do Miami Heat, assinou um contrato milionário com a equipe. Duas vezes campeão da NBA com a equipe da Flórida, ele ganhará um total de US$120 milhões no prazo de oito anos de serviços ao time.
Fifa na Flórida
De olho no potencial esportivo da cidade de Miami, alimentado por Lionel Messi, a Federação Internacional de Futebol (FIFA) está buscando fincar raízes no sul da Flórida, e abriu um escritório oficial da federação, reforçando a tendência das organizações do esporte de se capitalizarem na região. A Federação Argentina de Futebol está construindo um centro de treinamento oficial na cidade que deverá servir de sede para a organização nos Estados Unidos.
São movimentos que, na visão de André, não devem parar. “O celeiro de oportunidades que o universo esportivo tem aberto para os negócios em Miami está só no começo. Ainda vamos assistir a cidade se tornando a meca do esporte mundial nos próximos anos. E de camarote, de preferência”, conclui.
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