terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Minas continua sendo o estado que mais polui o rio São Francisco

Uma riqueza jogada pelo ralo, a opulência dos afluentes mineiros do São Francisco é responsável por nada menos que 80,7% da vazão da bacia, mas é também essa água a principal fonte de contaminação do Rio da Integração Nacional. Só a Bacia do Rio das Velhas, a segunda em volume, depois do Rio Paracatu, descarrega seus 321,9 metros cúbicos por segundo (m3/s) de água cheia de poluição por esgotos – constatada em 54,4% das amostras colhidas em seu percurso – e de mineração, detectada em 28% dos testes, sob a forma de altas cargas de arsênio, um semimetal tóxico que em concentrações elevadas pode provocar câncer de pele, pâncreas e pulmão, abalos ao sistema nervoso, malformação neurológica e abortos. Poluição em níveis acima dos tolerados pela legislação do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) é encontrada também nas bacias dos rios Paraopeba e Pará, sexto e sétimo maiores afluentes do Velho Chico, respectivamente. Os dados são um retrato atual e preocupante da situação do São Francisco, referentes aos estudos divulgados neste mês pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do manancial (CBHSF) e que foram reunidos pela consultoria Nemus para nortear o Plano de Recursos Hídricos de 2016 a 2025 da entidade.

As análises do Velhas mostram que há poluição também por cádmio, chumbo, cianeto, cromo, mercúrio e zinco em concentrações acima das toleradas pela legislação Conama. As fontes poluidoras, de acordo com os relatórios de campo, são esgotos, mineradoras, curtumes, frigoríficos, fábricas têxteis, usinas de ligas metálicas e siderurgia, principalmente na Grande BH, todas despejando efluentes sem tratamento e impunemente. Pelo relatório divulgado pela CBHSF, a situação das águas do rio que abastece 70% de Belo Horizonte e da Grande BH é “uma das mais problemáticas em termos de qualidade das águas superficiais, no conjunto da bacia hidrográfica do Rio São Francisco e até em nível nacional”.
Desde 2003 tentaram-se ações caras para aplacar os lançamentos de esgotos na Grande BH, mas o relatório é claro ao dizer que isso pouco afetou o problema. “Houve investimentos em Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) no (Ribeirão) Arrudas e Ribeirão do Onça, mas o Índice de Qualidade da Água (IQA) continua ruim. Importa salientar que a situação global do Rio das Velhas permanece bastante crítica, com destaque para as zonas urbanas da cabeceira (Grande BH)”, conclui o relatório. 

Extraído do jornal 
Estado de Minas (EM). 

Fonte: CORREIO DA CIDADE

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